Existem datas que eu queria tanto ver apagadas do meu calendário
Para sempre apagadas do meu calendário
Porque apartada me fizeram da presença, do cheiro, das risadas, dos afagos, dos silêncios, da cumplicidade, das zangas, dos abraços
Desses três portos de abrigo a que não mais pude ser ancorada
Não se explica a dor, a saudade da ausência daqueles que partiram
Que nos marcaram de forma indelével
Com coisas tão simples quanto essenciais, como o valor do exemplo ou a importância da palavra dada
Mas também da palavra amiga ou daquela que chama à razão e que, por tal motivo, não deverá ser ignorada
Quarenta e quatro anos, no calendário, contados para trás deste preciso dia, do dia de hoje
Foi ela, a minha adorada irmã e melhor amiga, aquela que, da vida terrena, primeiro foi levada
De forma extemporânea, brutal e inexplicada
Nesse tórrido 4 de Agosto de triste memória, sentada no Cais das Colunas a olhar o rio recordo bem o quanto o meu coração se agitava
Como se pressentisse que algo de muito grave se anunciava
E, para sempre, marcaria a vida de todos quantos a amavam
Mormente, a daqueles dois entes queridos que não aguentariam a sua partida
Pela razão maior de terem sido eles que a (nos) trouxeram a esta vida
Agosto, 4 ©
Helena Cavacas Veríssimo
04 de Agosto de 2024
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