Esse lugar recôndito e doloroso
Onde as asas da memória me levam
uma e outra vez e com o qual,
manifestamente, não sei lidar
Sinto uma necessidade imperativa
e recorrente de enfrentar
Talvez no dia em que as frases
lograrem alinhar-se na cadência certa
Ou no dia em que as palavras forem
coisa maior que mera sucessão de letras
Essas, sabes, são vazias e obsoletas
E ficam tão longe do desejado
Porque incapazes são de descodificar
os silêncios do passado e a
ausência do abraço apertado
Talvez no dia em que a mágoa for capaz
de emergir do recanto obscuro onde se
encontra e a consigamos, por fim,
transformar em translúcidas bolas de sabão
Sopradas em nuances de rosa e azul,
as cores que matizam o amor e o céu
Esse lugar para onde escolheste fugir
sem dar qualquer explicação
Talvez seja o momento do (re)encontro
e da conversa tão evitada
O tempo de construir uma via
de dois sentidos, não de direção única
Um monólogo não cumprirá a sua missão
Não oferecendo reciprocidade,
nem merece ser chamado à colação
E bem sabemos como essa conversa terá que ser perfeita,
falhar não se aceita como opção.
Alguma vez nos perdoaríamos reincidir
na imperfeição ?
CONVERSA ANUNCIADA ©
Helena Cavacas Veríssimo
27 Abril 2024
Arte: Internet (livre)

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