Devagarinho, sem ter medo
lançamos nossos sonhos ao vento
e com eles as amarras dos muitos
desejos aprisionados
Devagarinho, sem ter medo
fundimos nossos seres com a
frescura da chuva e dessa fusão
nascemos seres revigorados
Devagarinho, sem ter medo
transformamos nossa indecisão
na mais bela flor que se deixa
abrir às primeiras carícias do sol
Devagarinho, sem ter medo
permitimos que a imensidão
do mar salgado nos ensine que
também o amor pode ser imenso
Devagarinho, sem ter medo
deixamo-nos encantar pela luz do
luar tocados por um sentimento
de cumplicidade alargada
Devagarinho, sem ter medo
olhamos a natureza que se renova a
cada intempérie e aprendemos que
não precisamos de saber porquê
Devagarinho, sem ter medo
deslumbramo-nos com a sábia
perfeição do Universo e dessa
maravilha assumimos ser parte
Devagarinho, sem ter medo
© Helena Cavacas Veríssimo
Arte: van Gogh, "A Noite Estrelada"
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